CONSIDERAÇÕES
INICIAIS
A atividade proposta pelos professores do
Módulo VII – Tendências, mercado e educação partia da problemática: “Em uma
sociedade projetada pela ciência, cuja dinâmica social se esgarça na forma de
conhecimento, principalmente tecnológico, inventar o futuro significa desvelar
pensamentos, vetores, o próprio vórtex para um amanhã imaginado hoje. Isto
significa dizer que o Zeitgeist contemporâneo tem o signo da ciência, regido
pela invenção de futuro e seu modelo segue a estruturo do ecossistema. Diante
dessa realidade, como projetar o futuro de ecossistemas de negócio e da
educação? Se Uber e AirBnb são modelos de ecossistemas de negócios que se
aproximam do conceito de compartilhamento, como pensar seu futuro e como educar
para esse futuro e como as Mídias Interativas podem protagonizar esses modelos?”.
Após análise do desenvolvimento do trabalho e do produto final, foi possível fazer
as seguintes considerações:
1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO
TRABALHO EM RELAÇÃO ÀS DISCUSSÕES SOBRE INOVAÇÃO
Durante a fase de estudos, levantamento da
problemática e desenvolvimento do produto final fica muito evidente a
preocupação dos alunos em desenvolver tanto a discussão como, principalmente, a
solução final dentro de um aspecto de inovação, sempre questionando a razão pela
qual o objeto de estudo, no caso as bibliotecas, ainda estarem presas numa
velha mentalidade, arcaica às vezes, que limita seu campo de atuação bem como
coloca em risco sua sobrevivência, uma vez que a prática de disponibilizar e emprestar
livros físicos parece cada vez mais reduzida a um número progressivamente menor
de pessoas que se interessam por esse modelo de atuação, como também dispõe de
algum tempo livre em horário comercial para frequentar uma biblioteca
tradicional. As discussões, o levantamento de dados e a problematização dos
discentes sempre trafega dentro do campo da inovação, seja questionando o papel
das bibliotecas no atual contexto de pós modernidade ou elaborando hipóteses de
atuação dessas instituições, considerando as mais diversas tecnologias
contemporâneas que permitem uma nova perspectiva e até mesmo uma
ressignificação do conceito de biblioteca.
2. RELEVÂNCIA DO TEMA E
DO PROJETO APRESENTADO
O tema escolhido pelo grupo de estudantes é
muito interessante, pois as bibliotecas, ainda hoje, assumem um papel muito
importante tanto na catalogação como, sobretudo, na divulgação do conhecimento
humano acumulado. As bibliotecas são importantes aliadas do processo educativo,
uma vez que acumulam um extenso número de obras e materiais com as informações
que as escolas e universidades querem que seus alunos investiguem, e, a partir
dessa investigação, construírem sua própria visão de mundo e se prepararem para
atuarem nas suas próprias comunidades. Devido a importância das bibliotecas no
processo educativo, muitas escolas não só querem ter o suporte de uma dessas
instituições como também criaram suas próprias bibliotecas escolares, uma vez
que tal instituição potencializa o processo educativo ao fomentar o estudo e
acesso ao conhecimento. Segundo VÁLIO, “a biblioteca escolar é uma instituição
que organiza a utilização dos livros, orienta a leitura dos alunos, coopera com
a educação e com o desenvolvimento cultural da comunidade escolar e dá o
suporte ao atendimento do currículo da escola.”
O projeto apresentado pelos alunos é muito
relevante, uma vez que procura dar uma nova perspectiva para a instituição
biblioteca que, devido às transformações proporcionadas pelo avanço
tecnológico, vê seu papel tradicional ser questionado e perder significância.
3. VÍNCULO DO TRABALHO
COM A PROPOSTA CENTRAL DO INMÍDIAS
Os
alunos elegeram como solução para a problemática apresentada no Módulo VII uma
proposta de biblioteca digital, que oferece conteúdos digitalizados e
acessíveis a partir de dispositivos eletrônicos, muito abundantes atualmente,
como também que faz uso de diversas tecnologias modernas, tais como as
tecnologias da informação e comunicação (TICs). O projeto apresentado está
embasado dentro da proposta do Curso de Especialização em Mídias Interativas –
InMídias, da Universidade Federal de Goiás. A solução explanada pela turma busca
ressignificar o conceito de biblioteca, que hoje não atende satisfatoriamente as
atuais necessidades educacionais devido ao avanço tecnológico e as consequentes
mudanças de comportamento, apresentando novos aspectos para a função básica da
biblioteca, como o acesso ao conhecimento, quanto também novos serviços,
evidente no conceito de espaço all in one,
que a turma enfatizou ao longo do trabalho.
A proposta central do InMídias tem como foco o
fomento do empreendedorismo digital e do uso das mídias oriundas das tecnologias
da informação e comunicação (TICs) como instrumentos para o desenvolvimento de
soluções criativas para problemas secularmente e cotidianamente enfrentados pelas
pessoas. A proposta de uma biblioteca digital atende esses parâmetros, não só
porque usa algum tipo de tecnologia, mas principalmente devido à ênfase da
busca por devolver a importância e ressignificar uma instituição que tem sua
imagem completamente associada ao conceito da educação, fazendo isso através do
uso de mídias digitais.
4. CRÍTICAS SOBRE O
TRABALHO APRESENTADO
O trabalho apresentado foi construído a partir
de muito estudo e análise dos conceitos e da problemática levantada, devido a
isso apresenta uma proposta de solução muito interessante e bem elaborada. Mas mesmo
sendo organizado por pessoas competentes e estando embasado em muito estudo e
pesquisa, não deixa por apresentar pontos que poderiam ser questionados ou
melhorados, tais como:
·
Proposta pouco inovadora
A proposta apresentada acaba por não ser tão
inovadora quanto se espera, uma vez que o conceito de biblioteca digital já
está amplamente difundido, embora ainda não sejam tantas, cada vez mais
universidades e outras fomentadoras de atividades educativas tem investido na
construção e conversão de bibliotecas digitais. Por isso a proposta não se
apresenta tão inovadora, uma vez que não vai além do que já se conhece como biblioteca
digital ou virtual.
·
Digitalização de livros e documentos
A digitalização de livros e documentos e a
disponibilização de tais materiais ao acesso público esbarra em muita
resistência por parte de detentores de direitos autorais, uma vez que facilita
o desvio desses materiais para atividades de pirataria, o que acaba se tornando
em prejuízo para o autor. Existem muitos materiais de domínio público que
poderiam ser digitalizados e colocados à disposição dos usuários, mas a grande
maioria dos materiais com conteúdos significantes que estão em domínio público
já forma digitalizados, dispensando esse trabalho, os que ainda não foram
digitalizados, ou já elaborados por meios digitais, são na sua maioria
materiais pouco interessantes e procurados pelo público.
·
Formato estático dos materiais digitalizados
Os documentos quando são digitalizados,
geralmente são convertidos no formato PDF, que é um formato estático e,
principalmente no caso de digitalizações de livros e materiais impressos, se
torna um formato que permite pouca ou nenhuma edição, impossibilitando sua
conversão em formatos mais maleáveis e adequados para dispositivos com telas
pequenas, como smartphones, e-readers e até mesmo alguns laptops e tablets de telas
menores, dispositivos extremamente populares em nosso tempo, mais populares e
acessíveis até do que computadores convencionais. Devido a essas
características do formato PDF, uma biblioteca digital que faz uso extensivo
desse tipo de arquivo acabaria por se tornar mais excludente do que inclusiva,
u7ma vez que limitaria o acesso de tais documentos apenas aos computadores convencionais.
·
Controle de acesso aos materiais disponibilizados
O controle de acesso aos materiais disponibilizados
na proposta de biblioteca virtual é interessante do ponto de vista da inovação
tecnológica, porém, peca na facilidade e universalização do acesso aos
materiais disponíveis na biblioteca. Uma vez que consideramos a biblioteca como
uma instituição cujo papel é catalogar e reunir o máximo de conhecimento e
também possibilitar o acesso a esse conhecimento acumulado, criar controles digitalmente
burocráticos acaba por dificultar tal acesso e desvirtuando o importante papel
da instituição conhecida exatamente por facilitar o contato com o conhecimento.
5. CORREÇÕES,
ALTERNATIVAS E NOVAS SUGESTÕES
A proposta apresentada seria mais interessante
se apresentasse um conceito mais inovador, que fosse além dos conceitos
conhecidos como biblioteca digital tradicional. Uma biblioteca multimidiática colaborativa
seria mais interessante, uma vez que seria uma instituição que faria uso das
tecnologias modernas e ao, mesmo tempo, usaria o conceito de colaboração, permitindo
a interação dos mais diversos intelectuais e através das diversas formas de
mídias, não apenas livros físicos e digitais, mas também áudio, vídeo, etc. Ao
construir sua própria base de informações, tal biblioteca não esbarraria na
questão dos direitos autorais, visto que quem se prontificasse a colaborar
estaria cedendo seus direitos à instituição, não para a venda dos materiais
elaborados, mas para a livre divulgação. Uma vez que o banco de dados dessa
proposta de biblioteca seria inteiramente construído, esse banco seria feito
usando os mais diversos formatos de arquivos de texto, sobretudo os editáveis,
tais como o TXT, o EPUB e o HTML, que são formatos populares pela facilidade de
edição e conversão que oferecem.
A biblioteca não teria controle de acesso ao
seu conteúdo, exceto para aqueles que voluntareamente quisessem se cadastrar e
personalizar seus perfis pessoais e criarem listas de interesses entre outros, o
acesso aos conteúdos e artigos seria irrestrito e totalmente adaptado para qualquer
tipo de dispositivo e para divulgação através de redes sociais e mensageiros, o
que potencializaria a função de fomentadora da educação e do conhecimento,
tradicionalmente atribuída a biblioteca.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Murilo Bastos da. Das
bibliotecas convencionais às digitais: diferenças e convergências. 2008.
MARTINS, Breno et al. Mídias interativas e biblioteca.
Trabalho final do Módulo VII do Curso em Especialização em Mídias Interativas
da Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil, 2018.
VÁLIO, Else Benetti Marques. Biblioteca escolar: uma visão histórica.
Transinformação, v. 2, n. 1, 2012.
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